Génesis 41 - Vacas gordas e vacas magras

Dois anos depois, tinha José trinta anos, o faraó sonhou que sete vacas magras e feias comiam sete vacas bonitas e gordas. Noutra noite, o faraó sonhou que sete espigas pequenas e queimadas devoravam sete espigas cheias e boas. E não sabia o que pensar destes sonhos. E o copeiro, que afinal não era ingrato, mas esquecido ou interesseiro, lembrou-se de José e contou ao faraó como ele tinha interpretado correctamente o seu sonho e o do padeiro. E o faraó mandou chamar José e José lavou-se muito lavadinho, pôs roupas novas e foi, porque o libertaram. E interpretou os sonhos do faraó:
– É um sonho só. Haverá sete anos de fartura e depois sete anos de fome. – E disse ao faraó que devia poupar alimentos durante os sete anos bons.

O faraó ficou deslumbrado com tanta sabedoria e bom senso, mas não escreveu livros com donzelas e mancebos ingleses, e antes fez de José governador do Egipto, ofereceu-lhe um anel, roupas de linho, e chamou-lhe Zafenate-Paneia e deu-lhe por mulher Azenate, filha de Potífera, sacerdote de Om.
– Zafenate-Paneia? Porquê um nome tão feio, senhor? – Questionou José.
– Porque sim. – Respondeu o faraó, depois de pensar um bocado.

E aconteceu como nos sonhos do faraó e na interpretação de José e houve sete anos de fartura, que ficaram conhecidos como "tempo das vacas gordas", até hoje, mas não como "tempo das espigas cheias e boas", não se sabe porquê. E José guardou muitos mantimentos e quando eram mais que a areia do mar cansou-se de contá-los. E mandou fritar bolos e cobri-los com açúcar e canela e disse:
– Estes bolos chamam-se farturas, pois os fiz no tempo da fartura. – E assim é até hoje, embora os significados de "Queres fartura? Eu dou-te a fartura!" e de "Queres farturas? Eu dou-te farturas!" sejam bem diferentes.

E nesse tempo nasceram a José e Azenate os filhos Manassés e Efraim.

Depois começou o tempo da fome. E o faraó não disse ao povo "Vai à mãe que te dê mais", disse "Ide ao José que vos venda pão". E de todo o Egipto o povo foi comprar pão a José; e das outras terras, também.